Decisão inédita manda Marinha conceder licença de 180 dias a pai gay
Pela primeira vez na história das Forças Armadas e em 285 anos da
Marinha do Brasil, um tenente médico obteve na Justiça o direito à licença
paternidade (20 dias) nos moldes da licença maternidade (180 dias). Homossexual
e pai solo, o oficial iniciou há dez meses a luta para cuidar mais de perto do
bebê, que nasceu de uma barriga solidária.
Pai de Henry, o
urologista goiano Tiago de Oliveira Costa, de 37 anos, que trabalha e mora em
Brasília, obteve o direito à licença de 180 dias por nova decisão do juiz Bruno
Anderson Santos da Silva, da 3ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito
Federal. A liminar foi publicada nesta segunda-feira (7). Cabe recurso.
Decisão
reconsiderada
O juiz reconsiderou sua própria decisão que havia negado o pedido de liminar,
após o Metrópoles contar, em novembro de 2021, em primeira mão, a luta do
oficial da Marinha do Brasil para ficar mais perto do bebê. A criança foi
gestada na barriga solidária de uma amiga de Tiago, sem contrapartida
financeira, após inseminação artificial.
“Histórica e
memorável”
Com o filho no colo, Tiago disse que a nova liminar superou “entraves
administrativos e jurídicos”. Segundo o médico, a Marinha do Brasil havia
concedido apenas a licença de 20 dias para ele, ao contrário de seu outro local
de trabalho, que, na época, autorizou a licença de 180 dias.
“A justiça se fez.
É histórica, inédita e memorável uma decisão como esta. É o respeito a novos
modelos de família e à proteção à criança ou ao adolescente. Ser o pioneiro
neste tipo de ação abre caminhos e oportunidades a novos pais solos que formam
suas famílias seja por suas escolhas pessoais seja por outros motivos”,
ressaltou.